UATAÇARA UATÁ RAME UATAÇÁBA

Uataçara uatá rame uataçába... - Despertei asfixiado por uma bomba de gás lacrimogêneo. Meu nome era outro e morria de tarde sacudido de cabeça pra baixo num buraco bem fundo, só as pernas de fora... Quem me reconheceria assim jamais. O que era de mim na grande indignação com as emboscadas dos nativos nas veredas da floresta, o meu povo morria comigo a cada instante. Por isso ressurreto entre claroscuros e quase nada ao entardecer na pele de ninguém autá, como se dizia na modinha popular de lá dos setecentos do Vocabulário de Pereira da Costa: Caranguejo anda ao atá / procurando sua estrada / vem seu mestre titio / faz dos caranguejos cambada... Outras eram as chuvas e trovoadas antes dos invernos das burundangas e, por incrível que pareça, nada me apareceu, nenhum aviso. E era mesmo eu e meus muitos pedaços. Era só o meu poente e antes que anoitecesse na pele dos que ficaram. O que meu país se tornou, ah, o que sempre foi: um palmo a menos, um passo a menos na vida de cada dia. O caminheiro segue errante... © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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