TUNGA NO TATARITARITATÁ

TUNGANDO A VIDA

 

I

 

Do chão da minha terra: afinidades afetivas à luz de dois mundos. Era como se de Vê-nus histórias incandescentes atravessassem o peito e a voz pra cantar. O querido amigo à sombra da lâmpada, o mar a pele, a bagunça debaixo do meu chapéu: Inside out, upside down, Cooking cristals. Do chão da minha terra horizontes cambiantes e eu sou o Boneco de cristal a recitar: Todos túneis por parares \ Topas toro tapa rochas \ Se das beiras parte rachas \ Pares ouro bordas aros \ Soas artes para taras \ Torpes poros tortos ossos. Do chão da minha terra encarnações miméticas, lúcido nigredo, medula, as potências do orgânico e os Obscuros Objetos do Prazer. Ao meu olhar do chão da minha terra Woman with Lion Skull. À minha pálpebra uma aranha de prata, borracha, chumbo, asas de mosca, fio de nylon, luzes infravermelhas e ultravioletas: era outras hestórias do chão da minha terra e dela revia a antinomia, a trança, a quimera, Vers La Voie Humide, Psicopompo Cooking Crystal, Marionettes, o Portal, o Nervo de Prata e as Preliminares do Palíndromo Incesto. Do chão da minha terra a Tríade Trindade, Laminated Souls, as 100 redes e tralhas, o Barroco de Lírios, Twins & Snakes, Presolar, outros Psicopompos, Amber Chamber, enfim, do chão da minha terra todas narrativas ficcionais: Sabe-se lá o que vai acontecer… © Luiz Alberto Machado.

 

II

 

Não mais que um rio esquecido, vida nas margens perdidas, forasteiro do lado de fora e do outro lado eremita nas águas revoltas do seco e das poeiras esvoaçantes que não são mais que um Sol poente pelas dunas iridescentes da memória. Não mais que um sonho perdido nas gavetas mofadas dos móveis destroçados pela ação dos cupins nas ripas, vigas e estrados, e tivera eu o que não tive não seria melhor do que sou. Não mais que telhado sobre escombros no vórtice do tempo, lembranças de cinzas e vidros quebrados, soubera vivo antes que morto fosse, nada mais. Não mais que uma rua ignota, sem nada, sem saída, inacabada, na qual quisera eu romper limites, jamais além de onde estou pra onde vou. Não mais que a curva do tempo e o que aprendera não me poupara a ser reincidente, sempre vário, disperso, diverso, atrabiliário. Não há mais que hoje nem era amanhã do que sou obscuro no que é mais clarividente, abstive-me de atalhos, teimoso resiliente além das aguçadas pontas de facas, punhais inexoráveis, fina lâmina de viver. Não mais que a pele curtida da meia-noite ao meio-dia e assim por diante todos os dias, valeu-me a sorte dos condenados e não ter mais para onde ir. © Luiz Alberto Machado.

 

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