Pindorama, terra das palmeiras
E se a invasão europeia à américa nunca tivesse existido? Para os povos originários
ameríndios, Pindorama era o nome dado aos limites do que se nomeia Brasil atualmente. Se o
passado é uma descrição do que está por vir, imagine: uma terra biodiversa, palmeiras, águas
limpas, praias sem petróleo, um lugar sem brancos.
Zahra Alencar traz em Pindorama (2020) a possibilidade de uma terra livre da violência
colonial. Na tranquilidade de um dia na praia rompe-se com a tutela branca e instaura-se
reparação ao cansaço causado pela perspectiva predatória branca cissexista. Nesse vídeo
performance, a artista utiliza da ficção enquanto arma de guerra e atravessa o deslocamento
cronológico enquanto metodologia diaspórica. Zahra lida com a assimetria colonial imposta
através do deboche e (re)faz no presente um lugar de existência.
Mandioca, cacau, caju, pirita, milho. No decorrer do vídeo os alimentos, minérios e símbolos
nativos de sua terra aparecem de forma autônoma, a relação se abre a diversas possibilidades
de seus usos. A artista lida com a expropriação, afinal esses elementos são tomados como
exóticos até os dias atuais em território europeu. Em pindorama, as frutas não são
processadas, jamais virarão sucos, mantêm-se as propriedades nutricionais, fibras e vitaminas.
Os minérios se mantém junto à terra, jamais serão coroas. Zahra Alencar instaura uma relação
ancestral e seu corpo livra-se do aniquilamento físico e epistemológico enquanto projeto
colonial.
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