Título: Quimeras
Técnica e material: Acrílica sobre tela
Dimensão (altura x largura x profundidade): 100,00 x 100,00 x 3,00 cm
Ano: 2020
Descrição (contexto, idéia e inspiração): Para essa pintura, pertence a série: “ matéria, memória e imagem”, selecionei imagens arquitetônicas que tenham alguma relação com minhas memórias afetivas. Essa escolha por essas imagens se intensificou devido ao período atual de isolamento social, onde as relações pessoais passaram a ser feitas a distância, reforçando ainda mais a minha busca por imagens que tivessem algum apelo de memória individual. As escolhas de imagens arquitetônicas está relacionada ao fato que sou arquiteta e também artista visual, sendo uma forma de unir as duas formações. Na pintura Quimeras resolvi buscar por imagens relacionadas com arquitetura, estas por sua vez invocavam alguma relação afetiva com Curitiba, pois nas pinturas anteriores dessa série optei por imagens que remetessem as cidades onde criei laços afetivos, faltava Curitiba, cidade onde moro atualmente. Resolvi escolher as imagens fotografadas por mim da parede do azulejo do banheiro do restaurante Marbo Bakery, localizado no Centro de Curitiba. A escolha dessas imagens ocorreu pelo fato de que neste restaurante realizei uma exposição individual. Este restaurante fica em uma casa modernista chamada “residência Belotti”, projetada pelo arquiteto paranaense Ayrton João Cornelsen. Esse período foi um marco, pois comecei a me sentir mais adaptada a Curitiba, não me sentindo tão estrangeira nessa cidade.
Com relação ao processo com o acréscimo das imagens surge de modo natural um novo processo artistico, composto por diferentes elementos artísticos: o estêncil (gravura), as imagens arquitetônicas (fotografia internet), o Autocad (software da arquitetura) e a pintura. Essas imagens arquitetônicas serão retiradas da internet, as quais posteriormente serão transferidos para o Autocad onde as imagens serão retrabalhadas visando a simplificação das suas formas surgindo assim, uma nova imagem. Depois está imagem será impressa e transferida para o estêncil e depois para a pintura. Resultando em uma arte híbrida. Esse novo processo mencionado passa pelos três paradigmas da imagem: pré-fotográfico, fotográfico e pós-fotográfico.
A pintura dessa forma acaba ganhando mais corpo, se tornando mais matérica e por sua vez, as imagens começam a sofrer interferências com a materialidade da pintura, que acaba alterando-as se tornando mais fluidas gestuais e com movimentos, de modo a transbordar para fora do limite da pintura. Resultando em uma pintura matérica, gestual, fluida e carregada de memórias. Surgindo assim uma artista da paisagem da memória cuja as pinturas tornam-se testemunho das riquezas afetivas que a artista oferece ao espectador com a intimidade de quem mostra um diário.
O nome da pintura Quimeras ocorreu como uma metáfora dessa fusão entre arquitetura e arte, entre imagem e matéria, resultando em combinações de processos artísticos diversos, fundindo-os de modo a surgir uma pintura híbrida. Por conta disso, resolvi utilizar como imagens para essa pintura os desenhos dos azulejos que remete aos mosaicos, um dos significados da palavra quimera seria mosaico humano, trata-se da parte de um organismo composto por células de genótipos diferentes. Somado a isso, quimera significa também devaneios e ilusões, desse modo, o resultado apresentado das imagens dessa pintura ora se desfazendo ora se fragmentando, remete a um devaneio fazendo alusão a uma memória distante.
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