Curupira ou Caipora é um espírito da mata que se materializa na imagem de um humano com os cabelos laranjas feito o fogo e os pés virados as costas, para confundir lenhadores ou pessoas que atentam contra a fauna e flora. Ele é conhecido por proteger as florestas do Brasil usando diversos truques e artimanhas, em alguns lugares acredita-se que se transmuta a forma de qualquer ser vivo. Na pintura Curupira é representado como um homem grande e forte, em seu corpo pelos alaranjados bem como seu cabelo que parece estar em chamas. A feição em seu olhar é de quem tenta chegar o mais profundo no olhar do outro. Está em alguma mata escura, tendo em suas mãos a cabeça do então presidente Jair Bolsonaro. Nosso país se vê completamente afetado por políticas genocidas e exploratórias, queimadas na floresta amazônica, poluição dos rios e praias, dentre milhares de outras coisas absurdas dos últimos 3 anos. A ideia para o Herói Nacional inicia através de estudos a respeito da colonização no Brasil. O olhar sobre o Movimento Pau-Brasil ocorrido dois anos após a Semana de Vinte e Dois em 1924 marcou o processo desse trabalho. As obras de Tarsila, Carnaval em Madureira (1924) e Abaporu (1928) ajudaram a entender melhor que tipo de discurso estava delineando naquele momento. Me vi diante de algo tangente ao apelo que ainda não passava de um processo, acabei sentindo a necessidade de trazer ao mundo essas questões que me orbitavam. Passei a pesquisar alguns mitos do folclore brasileiro, a exemplo o Boitatá, a Yara, o boto cor de rosa. Figuras que compõem esse rico cenário. Me interessava nessa pesquisa a imagem de quando pensamos essas divindades, a representação visual convencional. passei a entrevistar pessoas (moradores da CEU Ufpel) que compunham diversas partes do território brasileiro. Nessa entrevista questionava sobre a figura de determinados mitos, principalmente o Curupira. A partir dos relatos, construí então uma representação do protetor das matas brasileiras segurando a cabeça decapitada do nosso atual presidente. Ainda acredito que necessitamos mais do que nunca de um Curupira que arranque as cabeças dos que nos matam. De certa forma em Herói Nacional o hermetismo presente por exemplo em Noite de Ritual acaba se tornando secundário para abrir espaço a reflexão crítica da contemporaneidade. Nesse campo me debruço sobre artistas e obras que funcionam como veículos condutores de reflexões. Nesse sentido uma grande lista se abre, Paco Pomet, Tarsila do Amaral, Lygia Clark, Paulo Pasta, Leda Catunda, Rosane Paulino, Maria Lídia Magliani, Hélio Oiticica, José Leonilson, etc… Olhando pinturas como a clássica obra de Pablo Picasso sobre o bombardeio à cidade de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola que aborda um momento histórico, como forma de denúncia e crítica, consigo enxergar paralelos que me interessa investigar. Outros exemplos como La Liberté guidant le peuple de Delacroix ou Os Retirantes de Portinari também são pinturas político-históricas advindas de uma necessidade de escancarar as portas do pungente.
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