Miragem, 40 x 40 cm, acrilica sobre tela, 2021, Daniela Marton

Título: Miragem

Técnica e material: Acrílica sobre tela

Dimensão (altura x largura x profundidade): 40,00 x 40,00 x 3,00 cm

Ano: 2021

Descrição (contexto, idéia e inspiração):  Essa pintura pertence a séria: Matéria, Imagem e Memória. Para as pinturas dessa série selecionei imagens arquitetônicas,  está relacionada ao fato que sou arquiteta e também artista visual sendo uma forma de unir as duas formações, que tenham alguma relação com minhas memórias afetivas. Essa escolha por essas imagens-lembranças se intensificou devido ao período atual de isolamento social. As imagens escolhidas foram três projetos arquitetônicos, dois em São Paulo, os cobogós do projeto do Artacho e esquadrias do projeto da Lina Bo Bardi ( Sesc Pompeia), e o terceiro projeto remete as esquadrias das residências de Veneza. Com relação as imagens escolhidas da esquadria do projeto Sesc Pompeia da arquiteta Lina Bo Bardi ocorreu devido ao fato de que a janela remete ao símbolo de olhar para fora, ação muito recorrente que faço nos últimos tempos por conta da pandemia, por estarmos mais em casa devido ao isolamento social. Esses projetos do Artacho Jurado e da Lina Bo Bardi me trás as lembranças de quando morei, estudei e trabalhei em São Paulo. Já a outra imagem, relacionado ao projeto arquitetônica de Veneza, tenho família lá, isso me trás forte carga de memória afetiva de família, não somente da Itália, mas também da minha família de São José dos Campos. Moro atualmente em Curitiba, estou por conta da pandemia, isolada dos meus familiares. O nome da pintura Miragem ocorreu como uma relação nostálgica, voltado para memórias e lembranças afetivas do período que vivi em São Paulo.

Com relação ao processo com o acréscimo  das imagens surge de modo natural um novo processo artístico, composto por diferentes elementos artísticos: o estêncil (gravura), as imagens  arquitetônicas (fotografia internet), o Autocad (software da arquitetura) e a pintura. Essas imagens arquitetônicas serão retiradas da  internet, as quais posteriormente serão transferidos para o Autocad onde as imagens serão retrabalhadas visando a simplificação das  suas formas surgindo assim, uma nova imagem. Depois está imagem será impressa e transferida para o estêncil e depois para a pintura.  Resultando em uma arte híbrida. Esse novo processo mencionado passa pelos três paradigmas da imagem: pré-fotográfico, fotográfico e  pós-fotográfico.

O resultado é uma pintura  mais matérica e por sua vez, as imagens começam a sofrer interferências com a materialidade da pintura, que acaba alterando-as se tornando mais fluidas gestuais e com movimentos, de modo a transbordar para fora do limite da pintura. Resultando em uma pintura matérica, gestual, fluida e carregada de memórias. Surgindo assim uma artista da paisagem da memória cuja as pinturas tornam-se testemunho das riquezas afetivas que a artista oferece ao espectador com a intimidade de quem mostra um diário.

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