Título: Rupturas
Técnica e material: Acrílica sobre tela
Dimensão (altura x largura x profundidade): 100,00 x 100,00 x 3,00 cm
Ano: 2020
Para essa pintura, pertence a série: “ matéria, memória e imagem”, selecionei imagens arquitetônicas que tenham alguma relação com minhas memórias afetivas. Essa escolha por essas imagens se intensificou devido ao período atual de isolamento social, onde as relações pessoais passaram a ser feitas a distância, reforçando ainda mais a minha busca por imagens que tivessem algum apelo de memória individual. As escolhas de imagens arquitetônicas está relacionada ao fato que sou arquiteta e também artista visual, sendo uma forma de unir as duas formações.
A imagem escolhida foi a coluna jônica, por ser um dos elementos que eu considero o mais elegante e simples da arquitetura. Além disso, a coluna jônica me remete há algumas edificações antigas situadas nas cidades de Roma e Veneza, por ser italiana me remete à lembranças de quando viajei para a Itália para visitar a minha família, trazendo memórias afetivas muito significativas para mim, assim as trago para essa pintura de modo a enriquecê-las.
Com relação ao processo com o acréscimo das imagens surge de modo natural um novo processo artístico, composto por diferentes elementos artísticos: o estêncil (gravura), as imagens arquitetônicas (fotografia internet), o Autocad (software da arquitetura) e a pintura. Essas imagens arquitetônicas serão retiradas da internet, as quais posteriormente serão transferidos para o Autocad onde as imagens serão retrabalhadas visando a simplificação das suas formas surgindo assim, uma nova imagem. Depois está imagem será impressa e transferida para o estêncil e depois para a pintura. Resultando em uma arte híbrida. Esse novo processo mencionado passa pelos três paradigmas da imagem: pré-fotográfico, fotográfico e pós-fotográfico.
O resultado é uma pintura mais matérica e por sua vez, as imagens começam a sofrer interferências com a materialidade da pintura, que acaba alterando-as se tornando mais fluidas gestuais e com movimentos, de modo a transbordar para fora do limite da pintura. Resultando em uma pintura matérica, gestual, fluida e carregada de memórias. Surgindo assim uma artista da paisagem da memória cuja as pinturas tornam-se testemunho das riquezas afetivas que a artista oferece ao espectador com a intimidade de quem mostra um diário.
A respeito do nome Rupturas surgiu assim que terminei a pintura. Ocorreu devido ao resultado apresentado nas imagens das colunas jônicas se desfazendo como se estivessem se rompendo para se unir dentro desse mar de materialidade, cor e gestualidade. A imagem em alguns pontos ora se funde com a materialidade da tinta ora se fragmenta perdendo seu caráter inicial de nitidez das formas e da imagem.
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